quinta-feira, 21 de abril de 2011

REESTRÉIA HOJE NO MINI GUAÍRA AMORES (RE)PARTIDOS

CADERNO G GAZETA DO POVO 21 DE ABRIL

Mulheres e suas pistas em Amores (re)Partidos

Publicado em 21/04/2011 | Helena Carnieri

Mulheres atraentes não têm amigas sinceras. Essa é uma das constatações que o dramaturgo Douglas Daronco fez em suas tímidas observações do cotidiano que acabam indo parar em seus textos para o teatro. Nesse caso específico, a ideia está em “Teia”, que integra Amores (re)Partidos, em cartaz a partir de hoje no MiniGuaíra com o grupo Serial Cômicos.

Em “Teia” e “Lapso” – que completa o espetáculo –, a dificuldade de compreensão do universo feminino serve de matéria-prima para tramas pouco objetivas.

Não são peças para se entender – ou melhor, elas permitem diversas interpretações. Tanto que uma leitura dramática de “Teia”, realizada no Festival de Curitiba de 2010, foi por um caminho bastante diferente da montagem que reestreia hoje.



Mazé e Ana Paula contracenam na tensa exposição dos relacionamentos femininos em “Teia”
Nas mãos de Edson Bueno, ano passado, o conteúdo ganhou referências do universo de Nelson Rodrigues, que valoriza o desejo sexual.

Já na montagem com direção de Thadeu Peronne – que tem no elenco Mazé Portugal e Ana Paula Taques – o foco são os relacionamentos.

“Teia” foi escrito durante as oficinas do Núcleo de Dramaturgia do Sesi Paraná, em 2009. “Fala do relacionamento de duas amigas, no qual algumas pessoas veem obsessão, outras desejo, outras culpa. E tudo muda na cena final, apesar de que a ideia é mesmo não fornecer uma conclusão”, contou à Gazeta do Povo o autor Douglas Darenco.

A inspiração para a obra veio principalmente das orientações recebidas pelo dramaturgo e diretor paulista Roberto Alvim, durante as aulas do núcleo.

“Me interessa muito a questão das relações humanas. Trabalho com elas desde que comecei a escrever, em 2004”, diz Douglas.

Na montagem, Thadeu Peronne conta que buscou a maior humanização do texto possível. “Questões como traição, falha de caráter e apatia nos orientaram. O desafio foi solucionar o deslocamento temporal que existe dentro do texto”, conta.

Além das palavras por vezes enigmáticas, o texto ganhou imagens cinematográficas quase surreais, na criação de David D’Visant.

Ainda na linha de textos curtos e lacônicos que não fornecem muitas pistas para o “sentido” da trama, “Lapso” fala de uma mulher casada e aborrecida com a falta de atenção que recebe e o excesso de cuidados que dispensa.

O texto é um monólogo, em que ela conta um episódio inédito em sua vida. A interpretação de Mazé Portugal é cuidadosa e impactante.

“É uma mulher comum que acaba tendo a oportunidade de revelar desejos e delírios colocados de maneira quase que in­­consciente”, define Douglas. Procure enxergar as pistas deixadas ao longo do texto em meio às palavras. “É importante prestar atenção nas palavras e no subtexto, porque nem sempre o que as personagens estão falando é o que estão vivendo.”GGG

Serviço:

Amores (re)Partidos.

Miniauditório do Teatro Guaíra – (R. Amintas de Barros, s/nº), (41) 3304-7982. Direção d eThadeu Peronne. Com Mazé Portugal e Ana Paula Taques. De quinta a sábado, às 21 horas e domingo, às 19 horas. Até 15 de maio. R$ 20 e R$ 10 (meia). Dos dias 21 a 24, mulheres pagam meia.

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