segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Os caminhos do fazer teatral nos exige dedicação, aprofundamento, ética, profissionalismo, entrega, pesquisa,bons relacionamentos e ânsia investigativa. Caminhar superficialmente nunca foi uma boa escolha. Em Teatro é preciso cumplicidade, não se tendo cumplicidade, tudo caminha no campo das relações sociais somente, o que para a evolução de um espetáculo/arte, não interessa muito. É preciso estar inteiro num trabalho com ou sem remuneração.Digo isso porque o TEATRO é uma ARTE VIVA e como tal exige o máximo de todos nós !!!
Sou grato sempre a todos que nos ajudam dia após dia nesta caminhada e muito cedo entendem que o que nos cobra a intensa dedicação é a OBRA DE ARTE em si, e, não somente uma loucura de um diretor e ou satisfações egoicas. A OBRA DE ARTE , PEDE ,CLAMA para se manter viva e dialogar com as diversas camadas as quais teremos de passar para se chegar num campo de vibração onde texto, atores, figurinos, sonoplastias enfim todos os elementos se comuniquem  e caminhem  juntos.

Avante
!

domingo, 11 de agosto de 2013

Muito bacana fazer parte desta equipe. Muito obrigado a todos !

GAZETA DO POVO 




Vampiro da periferia

Vladson, telefilme que está sendo rodado em Curitiba e Piraquara, tem como protagonista um adolescente da classe média baixa trabalhadora

Esqueça dos vampiros politicamente corretos da Saga Crepúsculo. O protagonista de Vladson, telefilme de uma hora de duração que está sendo gravado em Curitiba, também é jovem – e se alimenta de sangue. Mas as semelhanças com a série de longas-metragens adaptada da quadrilogia de romances da escritora norte-americana Stephanie Meyer param por aí.
O personagem, vivido pelo ator Renet Lyon, nada tem de glamouroso, ou exatamente romântico. “Ele é proletário, chão de fábrica. Trabalha em um mercadinho da periferia”, conta o diretor curitibano Alessandro Yamada, que escolheu locações em Piraquara, município da região metropolitana de Curitiba, e no bairro Sítio Cercado, na zona sul da cidade, onde diz ter encontrado um cenário e uma ambientação muito peculiares, alinhados com a proposta estética do filme.

Renata Peterlini/Divulgação
Renata Peterlini/Divulgação / Giovana Soar, Thadeu Peronne e Renet Lyon: mãe, pai e filho de uma família sofridaAmpliar imagem
Giovana Soar, Thadeu Peronne e Renet Lyon: mãe, pai e filho de uma família sofrida
“Lá há todo tipo de gente, áreas de invasão, pequenos negócios, e uma arquitetura irregular, muito peculiar, que me remeteu ao neo-expressionismo alemão”, disse Yamada, referindo-se ao movimento que gerou clássicos como O Gabinete do Doutor Caligari, de Robert Wiene, e, é claro, Nosferatu, de Friedrich Wilhem Murnau, paradigma do cinema de vampiros. Ele acrescenta que nunca é dito que a história se passa em Curitiba. “Pode ser aqui, ou em qualquer grande centro urbano do país.”
O roteiro de Vladson foi escrito a quatro mãos por Eduardo Gameiro e pelo cineasta Marcos Jorge, diretor dos longas Estômago e Corpos Celestes, este último assinado em parceria com o realizador Fernando Severo. Yamada, arquiteto de formação, há vários anos vem trabalhando em projetos da Zencrane Filmes, empresa de Jorge e sua esposa, a produtora Claudia da Natividade.
Já experiente atrás das câmeras em filmes publicitários, Yamada foi uma aposta dos roteiristas e dos produtores, Claudia e Max Leean, para dirigir Vladson, um dos vencedores da edição 2012 do Prêmio Estadual de Cinema e Vídeo, de R$ 180 mil, na categoria telefilme, destinada a projetos audiovisuais de uma hora para veiculação na telinha. A ideia é que o resultado, embora seja uma história autônoma, também sirva como piloto de uma série a ser negociada com um canal da tevê paga. Ainda não há previsão de sua primeira exibição pública justamente por conta dessa expectativa de que o filme ganhe o formato de seriado.
Para isso, o roteiro, conta Yamada, ao mesmo tempo oferece um desfecho que de certa forma resolve a trama, mas também um final aberto, que anuncia a possibilidade de desdobramentos.
O diretor explica que, embora Vladson seja uma história de vampiro, não é uma obra de terror. E, apesar de ter um protagonista no fim da adolescência, também não é uma obra destinada especificamente ao público teen.
O protagonista tem um vida difícil, sofrida. É filho do caminhoneiro desempregado Vladimiro (Thadeu Peronne), viciado em crack, e da caixa de mercado Sônia (Giovana Soar). Yamada conta que, embora tenha elementos de suspense e terror, o filme é muito mais um drama focado nas angústias e vicissitudes dos personagens. “Minha referência foi muito mais Linha de Passe, de Walter Salles, o drama de uma família suburbana, do que qualquer filme de horror.”
Até mesmo a transformação de Vladson, sobre a qual Yamada prefere não revelar detalhes, se dá aos poucos, de forma sutil. A proposta, mais do que assustar o público, é envolvê-lo.
Venham conferir DOROTÉIA DE NELSON RODRIGUES 

DOROTÉIA 
Uma Farsa Irresponsável
Texto de Nelson Rodrigues 
Direção Mariana Zanette
Com Ludminla Nascarella, Marvhem HD , Thadeu Peronne , John Salgueiro e Marcela Zanette 
Cenário : Aorelio Domingues
Iluminação:Wagner Corrêa 
Operação de Luz : Frank Souza
Assistência de Direção : Viv Follador
Assistência de Produção : Flávia Salarini
Costura : Augusta Zanette 
Desig gráfico : Celestino Dimas 
Violoncelo e Sansula : Rafael Gandolfo Sc

herk

domingo, 7 de julho de 2013

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Tantas coisas acontecendo não é ?

Não percam em breve A FARSA DO BOI OU O DESEJO DE CATIRINA espetáculo de rua da Serial Cômicos dirigido por mim e produzido também por mim e pela talentosa Mazé Portugal que além de ter idealizado ainda atua no espetáculo. Sairemos em viagem em agosto e ainda faremos difusão em Curitiba.

Um elenco incrível. Um espetáculo contagiante.

Em breve estrearei mais um novo espetáculo, agora como ator, sob direção da talentosa Mariana Zanette, com Ludmina Nascarella, Marvhem HD, Marcela Zanete Jonhn Salgueiro e Mariana Zanette, será incrível.

Texto de Nelson Rodrigues.

Em breve também não deixem de conferir DeusVelaPorTiS/A  o curta que acabei de rodar em São Paulo, sob a direção de Márcio Dell Picchia e ainda o lançamento de mais três filmes, dois curtas e um longa que atuei.


Fora isso ministrarei uma oficina numa Universidade, oficina de 3 horas, Teatro voltado para o mundo corporativo e outra oficina de Teatro para deficientes visuais.


No núcleo de dramaturgia do Sesi Curitiba estamos trabalhando a dramaturgia dos textos para estrear no fim do ano. Dirigir os textos criados no núcleo é algo incrível. O  Roberto Alvim é genial.


Fora isso tudo, estou estudando a possibilidade de levantar outro espetáculo de Rua, no momento estudando possíveis textos .


Tem muito mais, aguardem maiores detalhes.



segunda-feira, 29 de abril de 2013

ARTIGO
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ARTE E POLÍTICA
Para que serve o teatro?
Para o diretor do Schaubühne de Berlim, não há teatro sem investimento público e sem ancoradouro na sociedade. No artigo, ele analisa as condições “materiais e espirituais” de uma renovação do teatro, que sofre não só com a austeridade, mas também com sua própria tendência de se deixar levar pela ideologia dominante
por Thomas Ostermeier
(Cena de 100% Zurich, espetáculo do grupo alemão Rimini Protokoll)
Nas pretensas democracias ocidentais, a garantia do interesse geral obriga o Estado a aumentar impostos, cujo produto será redestinado a diversas instituições de acordo com o que elas consideram justo ou indispensável. Que me perdoem a banalidade deste preâmbulo, mas parece importante lembrar como a noção de missão pública se inscreve no próprio cerne de nossas sociedades, a fim de permitir aos indivíduos e aos grupos sociais... o que exatamente? Ser feliz? Fazer sucesso? Aprender? Abrir-se para outras ideias, outras pessoas, outros coletivos?
A marcha triunfal do neoliberalismo, iniciada em Chicago nos anos 1970 e acelerada pela queda do “socialismo real”, traduziu-se na desregulamentação dos mercados financeiros, mas também na privatização de serviços e de instituições que dependiam, até então, da esfera pública. Essa mudança de paradigma não é estranha à perda de legitimidade do teatro durante o mesmo período. Grande parte da esquerda da Europa ocidental, tradicionalmente cética em relação às instituições, para não dizer antiestadismo, encontra-se, então, na dolorosa obrigação de defender o Estado contra a ofensiva dos novos discípulos do mercado.
Quanto a mim, sonho com uma sociedade livre do jugo da propriedade privada, na qual osbens e as riquezas pertençam igualitariamente a cada um de seus membros. Infelizmente, estamos muito longe dessa utopia. E o que é pior, a ideologia do mercado faz a suspeita de totalitarismo recair sobre qualquer reflexão a respeito desse assunto. Até mesmo o princípio de uma redistribuição parcial das riquezas, estabelecida pela burguesia conquistadora nos séculos XVIII e XIX, encontra-se doravante em risco.
Pouco tempo após a criação do Reich, em 1870-1871, durante o período conhecido como “dos fundadores”, teve origem – ou pelo menos foi institucionalizado, portanto, delegado à responsabilidade do poder público – tudo o que está hoje gravemente ameaçado: os transportes públicos, as escolas, as universidades, as bibliotecas, os parques etc.Na época, a burguesia considerava o Estado como a expressão de sua força material e espiritual. Atualmente, ela só o vê como obstáculo à sua prosperidade. Os estabelecimentos culturais com financiamentos públicos, que outrora provocavam a arrogância das elites, perderam na mesma ocasião uma boa parte de sua legitimidade.
Na Alemanha, desde 1992, dezoito teatros tiveram de fechar suas portas ou se fundir. Diferentemente do que se faz na França, o financiamento da cultura pertence exclusivamente aos Länders [estados]eàs municipalidades. Apesar de Berlim se vangloriar de ser um paraíso para jovens artistas, seu orçamento para a cultura não excede 2% dos gastos públicos. Se considerarmos que a parte do teatro, inclusive a ópera, representa apenas 1,1% do orçamento (deste, 0,7% somente para o teatro), os debates sobre cortes orçamentários suplementares parecem extravagantes. As proporções não são mais gloriosas em Hamburgo, segunda cidade do país: 2,1% para a cultura, 0,9% para o teatro e a ópera. Uma rápida olhada na situação francesa indica que, em 2013, os gastos públicos previstos para a cultura estão sendo reduzidos em 4,3% com relação ao ano anterior.

Por uma outra história da sociedade
A burguesia lançou ao mar a ideia fundadora de uma representação de si mesma orientada para algo diferente da avidez pelo ganho, enquanto o ceticismo visceral – e com frequência justificado – das classes populares contra esses “templos burgueses” encontra-se em uníssono sem recursos. Há um ano e meio, um motorista de táxi de Amsterdã, ao saber que trabalho no teatro, me disse sarcasticamente: “Now it’s payback time!” (É a hora da revanche!). O novo governo acabava de iniciar uma operação de desertificação inédita na paisagem cultural holandesa.
É esse o clima que se propaga, hoje, na Europa. Perceptível em graus variados em todo o continente, o desmantelamento da cultura aumentou também na Itália e, sobretudo, na Hungria, onde o anti-intelectualismo da classe dirigente, misturado a palavras de ordem abertamente antissemitas e homofóbicas, levou à substituição do diretor do Teatro Nacional de Budapeste por um mercenário do Fidesz, partido da direita nacionalista.
A esse fenômeno, soma-se outro, que gangrena o teatro há uns dez anos. Sob o pretexto de estimular as estruturas independentes, os protagonistas desse meio se insurgem uns contra os outros. Os fomentadores do teatro livre, ou off,clamam de todas as maneiras que fariam um melhor uso das somas devoradas pelas instituições públicas, fazendo, assim, sem dúvida a contragosto, uma apologia do espírito da época: nós lhes oferecemos mais arte por menos dinheiro. Não é de espantar que essa retórica fratricida encontre um eco crescente junto a conselhos municipais e dirigentes culturais. Efetivamente, o “teatro livre” apresenta uma dupla vantagem: seu nome atraente evoca a juventude, a não submissão e o romantismo, ao mesmo tempo que se presta a financiamentos de uma extraordinária flexibilidade. Na verdade, nada impede os que tomam decisões políticas de anularem suas subvenções ou de se voltarem para outros artistas.
Essa flexibilidade obriga cada projeto a ter êxito imediato, sem o qual seus autores correm o risco de se ver novamente na miséria. Ela impede ao mesmo tempo as companhias e os dramaturgos de inscreverem sua evolução artística durante a temporada. Para equilibrar seu orçamento, os artistas ditos “livres” devem sempre correr atrás de “bicos”, em detrimento de sua pesquisa. E as diversas profissões do palco (cenógrafos, coreógrafos, maquiadores, pintores etc.) estão ameaçadas de desaparecer.
Os artistas devem enfrentar um enorme desafio: dar, ano após ano, geração após geração, um novo sentido ao teatro institucional. Muitos autores não avaliam sua chance de dispor de lugares subvencionados. Como eu, a maior parte está impregnada de uma cultura de hostilidade às instituições e observa com desconfiança esses grandes palcos de prestígio, nos quais a vaidade burguesa se pavoneou durante tanto tempo. No entanto, eles nos oferecem possibilidades de trabalho e meios de produção incomparáveis para contar uma outra história da sociedade.
Certamente, continuamos a ser os palhaços modernos de uma elite que aceita que zombemos dela a fim de desfrutar o privilégio de parecer tolerante e capaz de rir de si mesma. Abandonar esses lugares significaria, no entanto, cortarmos nossas asas e facilitarmos a tarefa daqueles que sonham nos tirar o pão da boca. Após 2008, um grande número de empresas nos Estados Unidos retirou o patrocínio, muito influente, da cultura norte-americana. Os atores pagaram caro por isso.
Além das condições materiais degradadas, vivemos uma crise estética, assim como uma crise dos conteúdos. Nos últimos anos, a criação teatral aderiu naturalmente às teorias nem sempre luminosas sobre a pós-dramaturgia e a “performance”. Curiosamente, as formas inovadoras que surgiram nos anos 1970 e 1980 continuam a orientar o credo estético de um grande número de teatros públicos e festivais, ainda que nesse assunto os imitadores estejam longe de se igualar a seus modelos. Os ingredientes dessa vanguarda insossa compõem uma papa cênica que passa por modelo do teatro moderno.
A poetologia desse teatro baseia-se na ideia de que a ação dramática não é mais de nossa época; que o homem não poderia se compreender como mestre de suas ações; que existem tantas verdades subjetivas quanto o número de espectadores presentes; que os acontecimentos representados no palco não exprimem nenhuma verdade válida para todos; que nossa experiência fragmentada do mundo somente encontra sua tradução num teatro fracionado, em que os gêneros se justaponham: corpo, dança, fotos, vídeos, música, palavra... Essa imbricação sensorial assegura ao espectador que este mundo caótico permanecerá para sempre indecifrável e que não há espaço para procurar ligações de causalidade ou culpados.
Como seu homólogo socialista, esse “realismo capitalista” estetiza uma ideologia vitoriosa, e não é menos peremptório que ela. Em um mundo dominado pela doutrina neoliberal, nada poderia dar mais prazer a seus beneficiários que estes pressupostos: ninguém é responsável por nada, e a complexidade do mundo torna ilusória toda tentativa de circunscrever seus mecanismos.
Evidentemente, nem todos os representantes do teatro pós-dramático aderem a essa visão. O trabalho de algumas figuras do teatro documentário, como o do coletivo alemão Rimini Protokoll1 ou o do dramaturgo suíço Milo Rau,2 que muitas vezes beira o jornalismo, parece mais esclarecedor que a maior parte das peças montadas habitualmente. Seu sucesso ilustra, à sua maneira, a crise do teatro tradicional, que, ao se concentrar no repertório clássico, se desconectou da realidade. Pouco preocupado em fornecer ao público um mínimo de reflexo de sua vida cotidiana, o estetismo clássico se fixou há trinta anos numa piedosa reverência ao passado.
No meio desse círculo fechado, ou dessa espiral descendente, o pacto que liga o teatro às disputas políticas e sociais de seu tempo se decompõe inexoravelmente. Mesmo que o jogo se ressinta disso, os atores vão buscar suas emoções nos grandes antigos mais do que em sua própria carne. Consequentemente, especialistas da vida cotidiana mostram-se mais inspirados para testemunhar o estado do mundo do que os atores clássicos, de quem no entanto é a função.
Aí está o nó da crise. Para sair dela, o teatro deveria pensar em fornecer aos seus atores uma formação inicial e contínua. Dramaturgo no Berliner Ensemble, Bertolt Brecht demandava a seus atores que se confrontassem com o real, que assistissem a audiências judiciárias, que adentrassem nas fábricas para compreender, com conhecimento de causa, o comportamento de seus contemporâneos. Faço o mesmo com os meus, convidando-os a se inspirar em sua própria biografia e em suas observações cotidianas.
Que efeitos o temor de ser relegado socialmente produz nos semelhantes? Como a obrigação de ter êxito afeta nossas emoções, nossos sentimentos, nossos desejos? Em que medida nossa vida privada se submete ao ditame da performance? Quantos futuros se quebram pela condição social do assalariado flexível? Por que dispomos de um vocabulário altamente refinado para analisar nossas relações conjugais, amorosas ou sexuais, enquanto tão cruelmente nos faltam palavras para descrever nosso fracasso político (“sistema deteriorado”)? Por que gostamos de alardear uma psicologia de boteco? Por que não tratamos com a mesma paixão desgastes sociais que se espalham há uns vinte anos, apesar de terem graves consequências em nosso corpo e nosso espírito – horários de trabalho extensíveis, quantificação do cotidiano, obrigação de permanecer disponível para contato permanentemente, mensagens profissionais recebidas por e-mail até tarde da noite, identificação total com a empresa que me emprega, como se eu fosse casado com ela? Vemos que essas realidades penetram até nos ossos das pessoas com quem cruzamos. Como explicar de outra maneira a recrudescência de artigos da imprensa sobre as doenças do trabalho, o estresse, a depressão, a síndrome de esgotamento profissional? A infiltração do pensamento econômico nos mais ínfimos vasos capilares da sociedade moderna deforma nosso corpo, desfigura nossos afetos.

Santuário habitado por uma força regeneradora
É disso que o teatro deveria falar. É isso que poderíamos representar no palco, e com talento, por menos que alimentássemos nossa imaginação com a fonte que se acha bem à nossa volta e que nos nutre. Em minha opinião, o teatro ideal guarda a promessa secreta de abordar todos esses assuntos.
Por seu financiamento público, o teatro institucional escapa ainda da lógica da competitividade, mesmo que seja verdade que as considerações de rentabilidade estejam ganhando terreno. Talvez a sociedade retomasse um pouco da confiança em si, se ela encontrasse alguns palhaços bem ousados para lhe apresentar um espelho, recolocá-la em questão, rir dela sem parar.
O teatro poderia ser assim: um santuário habitado por uma força regeneradora, quando as indústrias dedicadas à narração do mundo estiverem atormentadas por uma exigência de rentabilidade proporcional à sua falta de liberdade – basta ligar a televisão para se convencer disso. A frustração suscitada por mídias cada vez menos independentes explica, em parte, por que tanta gente, principalmente jovens, corre para o Schaubühne com a convicção de encontrar ali um lugar onde ainda se pode atuar e pensar livremente. Um lugar onde se podem ver no palco as distorções corporais de pessoas especialistas em flexibilidade.
Ao que se soma que, no teatro, tudo se desenvolve no momento: é impossível fazer várias tomadas ou modificar a montagem como no cinema. É aqui e agora que o ator experimenta seu papel e que o espectador, como especialista de sua própria percepção, decide se quer mesmo se envolver no jogo. Em nossa existência superdigitalizada, em que o real é mantido a distância por uma tela de duas dimensões, a missão e o desafio do teatro se resumem a este momento raro em que uma ação virtual reúne toda a realidade do mundo.

Thomas Ostermeier
Dramaturgo, é diretor do Schaubühne de Berlim


Ilustração: @.liz


terça-feira, 26 de março de 2013

https://www.youtube.com/watch?v=OMMyKqBGNVk
Nossa! O tempo passa muito rápido, já estamos terminando março e entrando em abril de 2013!
Festival de Teatro chegando e muita coisa acontecendo.
Hoje me deu saudades de IMPRECAÇÕES peça idealizada por mim e produzida por mim e Mazé, onde também atuamos.A direção ficou por conta de Márcio Mattana e ainda tivemos o Diego Duda e a Ludmila Nascarella no elenco.
Somos gratos a Caixa e o Positivo pelo Incentivo e a Lei Municipal de Curitiba pelo Patrocínio.

Quem sabe a peça volte.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Bom dia!
Sábado 26 de janeiro de 2013!

Venha fazer parte da turma de INTERPRETAÇÃO TEATRAL E INVESTIGAÇÃO AUDIOVISUAL de 2013!
Aulas práticas e teóricas
Avanços por módulos de 12 horas
Valor de Investimento super acessível
Região Central

Informações

 041 96362133
Thadeu Peronne

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Taí mais uma crítica sobre meu espetáculo OS BOBOS DE SHAKESPEARE que já não existe mais, mas fez sua história, obrigado Ayrton

sábado, 5 de março de 2011

Os Bobos...: Shakespeare com algodão doce

Quanto menos você perguntar o que se passa em Os Bobos de Shakespeare melhor. O lúdico monólogo que o excelente Thadeu Peronne desenvolve em teatros e escolas é estranho a muitos adultos, mas, embora não seja infantil, é claríssimo a quem os degusta sensitivamente: as crianças.

O encenador Laércio Ruffa e o roteirista Edson Bueno costuram os personagens do autor inglês com luz mínima (do belo cenário de Paulinho Maia) e leveza de algodão doce. Quer entender melhor? Esqueça Shakespeare!

Perrone é um andarilho de idade incerta que se apropria de um baú tentando desvendá-lo. Sua curiosidade é alimentada por uma marionete imaginária. Juntos na voz do ator, ambos criam um lúdico e (intencionalmente) ininteligível diálogo que acentua a infantil curiosidade dos personagens.

A seguir, o monólogo traduz o catatau de personagens (Romeu, Otelo) para o carioca esperto, o bêbado, o cirandeiro músico nordestino, o apaixonado. Ao se despedir destes tipos, Perrone encontra a caveira que conversa com Hamlet e retoma o novelo que o conduz novamente ao andarilho.

Fiapos de outros teatros vêm à cena em Os Bobos de Shakespeare: os cabarés de A Dama da Noite e HamletMachine; a tradição nordestina (Solte o Boi na Rua) das peças de Ailton Silva, o “Caru”; e o marionete europeu adulto-intimista.

Há também saudades televisivas dos anos 80. Os primeiros movimentos têm os pés no videoclipe Thriller, um clássico de Michael Jackson: o ator-arlequim surge da fumaça com as pernas milimetricamente arqueadas. Há ainda o deboche politicamente incorreto de TV Pirata (citação à Stevie Wonder).

Com um perfeito domínio do teatro físico (rigor de todos os movimentos do ator, do pescoço ao tornozelo) e sem criar qualquer intervalo na passagem de um personagem para outro, Tadeu é um catalisador de extremos: o drama e a comédia; a vanguarda e o estabelecido; o popular interiorano e a metrópole sofisticada.

Se você é educador e confia na inteligência de seus alunos dê uma chance para Os Bobos de Shakespeare.

(Ayrton Baptista Junior)

Os Bobos de Shakespeare
Monólogo com Thadeu Perrone
Montagem da Serial Cômicos
Roteiro de Edson Bueno
Direção de Laércio Ruffa

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Escrito em 2007, para o Curitiba Interativa.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013



INFORMAÇÕES 041 96362133