quinta-feira, 21 de abril de 2011

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Thadeu Peronne e sua carreira
Publicado em 21 de abril de 2011 por Sheila | Nenhum Comentário


Thadeu Peronne, ator, diretor e produtor tem uma longa carreira artística. De família humilde, o menino Thadeu começou a trabalhar aos sete anos de idade. Não tinha dinheiro para fazer cursos, por exemplo. Conta que ia ver os espetáculos de circos que passavam pela cidade. “Certa vez fui vender cocada no circo, pra poder ver os shows, acabava vendendo cocada, assistindo aos shows dos palhaços e ainda ganhando um dinheirinho”. Gostou tanto do circo que carinhosamente fez uma maquete do circo e deu para os donos, que se emocionaram.

Natural de Jacarezinho, Thadeu veio para Curitiba com muito talento e entusiasmo pelo teatro. “Assim o teatro pintou na minha vida, acho que foi um primeiro encontro na infância e depois em Curitiba virou minha razão de viver”.

Thadeu hoje é premiado com o Gralha Azul de 1997 de Melhor Ator Coadjuvante por Solte o Boi na Rua, prêmio de Melhor Ator do Paraná 1999 com A Farsa de Inês Pereira.

E se você pergunta para Thadeu o que é teatro, poeticamente explica: “O teatro é uma celebração, um ritual, um espaço sublime para se contar histórias ou estórias. É um exercício de prazer e felicidade. É uma arte viva”.



Thadeu Peronne, diretor, ator e produtor

Como o teatro surgiu na sua vida?

Fui muito influenciado pelos meus professores como Lourdes Telles, Selma Fogiatto entre tantas queridas que desde muito cedo nos levava para ver os espetáculos em cartaz no CAT (Conjunto Amadores de Teatro) onde recentemente tive a oportunidade de fazer meu monólogo Os Bobos de Shakespeare.

Minha mamãe me incentivava muito, me levava desde pequeno para cantar no show de calouros do Milton Marques transmitido ao vivo na rádio Educadora.

Depois fui crescendo e comecei a desenhar muito, daí surgiu o lance de ser arquiteto, peguei uma malinha com meus cacarecos e me mandei pra Curitiba, sem eira nem beira, sem grana, mas cheio de vontade de mergulhar nas artes. Mas queria fazer o que gosto e ao mesmo tempo com um curso superior. Foram dias e anos difíceis. Até que passei nas prévias da Federal e PUC (na época se fazia uma prévia).

Fui crescendo, estudando e no meio do caminho novamente o chamado para as Artes Cênicas. Nesta altura já estava preparado para passar em outros cursos, mas escolhi Bacharel em Artes Cênicas PUC e Fundação Teatro Guaíra.

Como foi o começo da carreira? O gostinho do começo ainda está presente no seu trabalho?

Minha realidade sempre foi complicada, pois não herdei nada, meu pai não podia me ajudar e nem ninguém, eu sempre banquei minhas loucuras. O começo foi duro, como têm sido até hoje. Mas eu decorava textos na fila do Restaurante Universitário.

Aqui em Curitiba fui atrás do Laecio Ruffa na PUC, e pedi pra entrar lá. Ele anotou meu nome e depois me chamou para substituir um ator, que infelizmente veio a falecer. No Tanahora participei de três montagens Gota D’Agua, Bela Ciao e A Comédia dos Erros, permaneci lá por cerca de 3 anos e meio.

Já me joguei pra São Paulo, estremos O Retabulo da Avareza e da Luxúria lá na Praça Rosevelt, pelos Satyros. Em seguida passei no CPT do Antunes Filho por cerca de dois anos. Participei de vários processos de montagens de espetáculo, como Medea, Medea 2 e Canto do Gregório e passei pelo Cepetezinho, uma delícia e ao mesmo tempo mega difícil, fazíamos uma cena de pret-a-porte por semana aos olhares de Gabriela Flores, Juliana Galdino, Sabrina Greve, Emerson Danezi etc. Mas não pude prosseguir.

Depois de São Paulo, de ter estudado com tanta gente legal daqui e de fora, eu retornei para Curitiba. Fiz O Mundo Mágico do Cordel sob a direção do Carú – então fui indicado a Melhor Ator do Paraná.


O Serial Comicos surgiu em 2004, e até hoje você e Mazé Portugal estão trabalhando juntos. Desde então podemos assistir peças que retratam diversos contextos, como Cold Meat Party, em 2008 e agora Amores (re)partidos. Você vê uma linha que liga suas direções?

Sim vejo sim, em Cold Meat Party iniciamos um trabalho mais intimista, estreamos no Espaço Dois apenas pra cinquenta pessoas. Eu me inspiro muito em mestres como Antunes Filho que fomenta o ator diretor de si, na cena, daí os Pret-a-Portês. Mas Cold Meat era uma comédia, o que nos dava mais liberdade, pois o humor inteligente mergulha na crítica e reflexão. Em Cold Meat a Mazé dividiu a direção comigo. Foi bacana. Trabalhamos com Naturalismo Construido, fizemos testes para compor o elenco, cinco novos atores foram empregados.

Já em Amores (re) Partidos, além do naturalismo construído, estou fundindo imagens projetadas (um desejo antigo). É minha homenagem ao cinema, algo não muito bem visto pela crítica especializada que nem entendeu minha homenagem ao cinema. O difícil é fundir estas linguagens sem comprometer a qualidade da narrativa.

Estreamos no Festival de Curitiba, de uma maneira que jamais deveria ter estreado, pois não tivemos tempo de acertar os detalhes necessários para tanta ousadia. O risco é grande pois busco um teatro extraordinário e não ordinário, é a busca.


Tem planos para o Serial Comicos?

Estamos trabalhando na criação de um núcleo cinematográfico e também no intercâmbio com outras Companhias. Levar o teatro para quem não tem acesso também é um dos nossos focos, como, por exemplo, estamos fazendo com a Farsa do Boi ou o Desejo de Catirina. A linguagem do Teatro de Rua me fascina. Vamos fazer várias apresentações por Curitiba e depois estaremos prontos pra viajar. Também vamos fazer em escolas.

Também vamos montar um texto de um autor francês residente em Paris. Já negociamos.

Você atuou na televisão em diversas produções como Sonhos Tropicais, O preço da Paz e o recém estreado e elogiado Corpos Celestes. Como foram essas experiências? Tem preferencia por teatro ou televisão?

Atuar em Longas sempre é um prazer, eu amo cinema, sempre amei, estudo cinema desde menino, amo mesmo. Sou autodidata. Atuar num longa é um grande prazer .

Atuei nestes que você falou, mas também em outros como Centro de Gravidade, do Steven Richter, da AIC SP, que está sendo finalizado nos Estados Unidos. Faço um milionário. Também fiz um pequeníssima função no Garibaldi In América. Ainda fiz um curta chamado O Escapulário com Stevan Silveira baseado no conto do Dalton Trevisan.

Na publicidade filmo faz vinte anos, protagonizei inúmeros comerciais nacionais, recentemente fiz a campanha da Semp Toshiba e três Casos e Causos – Divina Diva, O Apartamento e Nunca Volte a Fuete Rosário.

Tem alguma situação na sua vida, muito engraçada ou muito triste, que já pensou em atua-la ou dirigi-la?

A morte de um dos meus melhores amigos, num acidente ainda com 18 anos e a morte de minha mamãe. Tenho até um roteiro de cinema pra homenageá-la. Estou desenvolvendo. De engraçado. O meu dia-a-dia. É só filmar e pronto, tudo é engraçado.

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