terça-feira, 19 de abril de 2011

CRÍTICAS IMPORTANTES

Os Bobos de Shakespeare, foi um espetáculo de longas temporadas.Idealizado em 1999 e enviado para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura foi aprovado em 2004, eu mesmo captei em 2005, estreei em 2006 no Teatro Paulo Autran,no Festival de Curitiba, somente um ano depois no outro Festival ainda de Teatro de Curitiba, consegui a atenção da crítica, no caso do Sergio Salvia Coelho na ocasião, crítico da Folha de São Paulo, ele foi e fez sua crítica.Faço questão de postar pois esta crítica é respeitosa e sincera.Uma crítica respeitosa e sincera merece sim ser lembrada.
Vejam vocês, eu nunca parei de estudar Shakespeare e nem a palhaçaria.
O último livro que li foi A Nobre Arte do Palhaço do Marcio Libar, muito interessante e poético.
Fora isso ainda estou com Shakespeare a Invenção do Humano de Harold Bloom e mais dois outros livros essenciais : Shakespeare Sua Época Sua Obra de Liane Camargo Leão e Marlene Soares dos Santos e Shakespeare Sob Múltiplos Olhares de ANNA Stegh Camati e Célia Arns de Miranda.
Fora outros títulos que depois postarei aqui, livros de cabeceira.
Ainda filmes e filmes...

Sou apaioxonado por Shakespeare,seu mergulho na alma humana, sua popularidade e tudo o mais.

Sob a direção de Laercio Ruffa e Assistência de Cícero Lira o espetáculo foi concebido, daí segui em viagem, foram inúmeras temporadas em Curitiba, Paraná e São Paulo.
Recebemos o Troféu Gralha Azul de Melhor Maquiagem, pela belíssima criação de Maura Cristina, também ex parceira do Tanahora (PUC).

No Livro dos Bobos se pode conferir os depoimentos diversos do público.
Foi muito gratificante. O que ficou deste monólogo que tive de encerrar em 2009 foi o que ficou nos corações de quem viu.

No futuro farei outro mas aglutinar os Bobos num texto só é desafio até mesmo para Barbara Heliodora.Falando dela, não se pode estudar Shakespeare no Brasil sem ler seus livros. Eu já li e já estive em varios encotros com esta mestra.

Confira abaixo a crítica do Sergio aí:31/03/2007


FESTIVAL DÁ VISIBILIDADE A PESQUISA TEATRAL

Em meio à profusão de propostas do Festival de Curitiba, duas se destacam, ilustrando o que de melhor se espera daquele que se apresenta como "o maior evento das artes cênicas brasileiras". Antes de tudo, por atrair grupos do Brasil inteiro, aqui se espera encontrar notícias de grupos "fora do eixo" que dêem provas de maturidade e competência em contar sua cidade para o mundo. Neste quesito, este ano se destacou o Coletivo Angu de Teatro, de Recife, com o espetáculo "Angu de Sangue".

Alinhavo de contos de Marcelino Freire, transformados em dez monólogos interligados por recursos diversos um pouco a esmo – cantos, projeção de vídeo, teatro de animação – o espetáculo atinge um resultado marcante por várias razões. Primeiro, o texto de Freire tem um humor certeiro e cruel, que expõe a intimidade de Recife como um espelho do país: uma miséria que se insurge orgulhosa, quase triunfante, contra uma ambígua classe média. O diretor Marcondes Lima soube dar uma uniformidade ao elenco, sem espaços para estrelismos, dando assim solidez ao grupo, no qual no entanto se destaca o grande carisma de Gheuza Sena.

Tateante às vezes, há no espetáculo cenas antológicas como o estupro de uma criança narrado através de uma manipulação de boneco, com grande força e delicadeza. Assim, com a inventividade da encenação amenizando a dor do contato com o real, e o humor do texto afiado como um bisturi, a pústula da miséria irrompe como uma epifania.

Em outro quesito, o Festival possibilita que atores que estudam uma linha de pesquisa com paciência e abnegação consigam um momento de visibilidade. É o caso de Thadeu Peronne, ator premiado em Curitiba que foi se lapidando no teatro de rua, na commedia dell’arte e no CPT de Antunes Filho. Em "Os Bobos de Shakespeare", aproveita um texto bastante simples, quase uma antologia de frases, para propor uma reatualização da ancestral técnica do bobo – um fascinante subuniverso da obra shakespeareana, entre clown, mais elaborado, e o bufão, mais cruel.

Logo no início, mostra que domina a técnica do gromelot, língua imaginária, espécie de retórica abstrata que prepara a platéia para os floreios do texto. Em seguida, busca a forma mais adequada para o conteúdo de cada citação, indo do arquétipo do coringa do baralho até os bobos contemporâneos. Entre eles, faz uma rápida e respeitosa menção à figura da dragqueen, em um personagem feito sem deboche fácil, mas que acaba ‘vazando’ para as outras caracterizações. Com uma direção limpa, embora um pouco ingênua, e maquiagem premiada, é um espetáculo que merece atenção, pela seriedade da pesquisa.





Escrito por Sérgio às 12h20
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