terça-feira, 18 de novembro de 2014

MAURA CRISTINA 
Via Facebook  dia 16 de novembro 2014

AMOREXIA
Confesso que AMO teatro, mas raramente vou assistir, provavelmente porque sinto saudades de estar no palco. Mas, ontem domingo, apesar de ter ido viajar, e estar muito cansada, fui assistir AMOREXIA, e saí de lá com o desejo de escrever sobre este espetáculo. Encontrar as palavras mais adequadas é o que se tornou mais difícil. Inicialmente impactante, figurino ousado e muito criativo, o texto completamente libertário, livre de preconceitos e pré-conceitos. O Cenário, majestoso, novamente a ousadia, e esta ousadia permeia todas as cenas, talvez seja a ousadia o fio condutor deste espetáculo. Maquiagem completamente criativa, e mudando a cada cena, como utilização de vários recursos. Mas o que mais cativa, e enlouquece é o conteúdo, os textos, interpretados com requinte de entonações e nuances. As questões que vagam sobre o amor e sexualidade trazem conteúdos psicológicos fortíssimos, os fetiches, desejos nunca ditos, tabus são despojados. Traz questões fortíssimas, as compulsões por bebida, remédios e comida, relações familiares doentias, em todos os níveis, pais e filhos e marido e esposa. Apesar de o sexo ser um conteúdo mais abordado, o que mais me sensibilizou foi o descaso com as crianças. A criança gorda, compulsiva por comida, dói na alma, perceber aquele ser imenso, o centro das atenções mas que na verdade não é vista, não é reconhecida nas suas necessidades.A menina que é entregue pela mãe, e por isso ocupa seu lugar de mulher, que luta internamente entre ser uma mulher ou uma criança. O belo papel interpretado pela Ana Paula Taques me mostra uma criança, uma menina que pede ajuda, não só pra a mãe, mas para os vizinhos e naquele exato momento para mim, que fazia parte da plateia, Me Salvem, Me Tirem Daqui, e ouvi um grito desesperado de ajuda. Como não pretendia descrever, mas sim aguçar a curiosidade, paro por aqui, não sem antes elogiar a performance de Marcelo Jorge, criativo, engraçado e despojado. Ver Thadeu Peronne no palco, meu amigo Thadeuzinho de tantos anos , de parcerias inesquecíveis, sua evolução como ator, produtor e diretor é emocionante. E a cereja do espetáculo das noites, a brilhante participação de Hélio Barbosa, meu ídolo desde o primeiro ano da faculdade, quando o vi no palco pela primeira vez , me emocionei tanto, que tive a certeza que era TEATRO que queria pra minha vida. Se o teatro hoje não é minha profissão, porque não dou conta da instabilidade financeira, é o modo que encontrei de buscar a renovação da criatividade, a busca de emoções e coragem para a minha vida profissional, pessoal, afetiva e emocional. Obrigada a toda a equipe por tanta dedicação e amor ao teatro.

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